Esta Geração Receberá minha Palavra por Teu Intermédio

Bruce R. McConkie

Élder Bruce R. McConkie, “This Generation Shall Have My Word Through You [Esta geração receberá minha palavra por teu intermédio]” em Sperry Symposium Classics: The Doctrine and Covenants [Doutrina e Convênios], redação de Craig K. Manscill (Provo e Salt Lake City: Religious Studies Center, Brigham Young University, e Deseret Book, 2004), 35–47.

O Élder Bruce R. McConkie (1915-1985) foi membro do Quórum dos Doze Apóstolos.

Em 1829 o Senhor deu informações de importância insuperável ao povo de nossos dias quando disse a Joseph Smith, seu vidente dos últimos dias, "Esta geração receberá minha palavra por teu intermédio." (D&C 5:10)

Meu desejo é o de mostrar que esta declaração descreve, de verdade, as condições como são. É também meu desejo descrever estas condições de tal maneira que preste testemunho da grande obra do Profeta Joseph Smith de restaurar o evangelho do nosso Salvador e Mestre, o Senhor Jesus Cristo.

"Esta geração receberá minha palavra por teu intermédio." A palavra é o evangelho de salvação, é o plano de salvação; a palavra é a mente, vontade e propósitos do Senhor concernentes a seus filhos na Terra; a palavra consiste em todas as verdades, direitos, poderes, doutrinas e princípios de que os homens precisam para que possam transformar suas almas em almas dignas de entrar na presença de Deus e de Jesus Cristo.

A geração de que falamos é da atual época. É a dispensação em que vivemos; é o período desde o começo de nossa dispensação até a segunda vinda do Filho do Homem e para esta era da história do mundo a palavra do Senhor, a palavra de salvação, a palavra de luz e verdade vem ao mundo através de Joseph Smith e não de outro modo nem por outra pessoa.

A Palavra e a Dispensação

Um pouco de background é essencial para que entendamos do que se trata este assunto. Todos nós sabemos que a salvação é de Cristo. Ele é o Primogênito do Pai. Ele era semelhante a Deus na vida pré-mortal e se tornou, sob o Pai, o Criador de todas as coisas. Dependemos dele e dependemos do Pai por meio Dele.

Abaixo de Cristo está o grande personagem espiritual Miguel que liderou os exércitos e as hostes do céu quando houve guerra e rebelião nos céus e que, através da pré-ordenação, veio à Terra como o primeiro de todos os homens e se tornou o sumo sacerdote presidente da Terra. A próxima pessoa na hierarquia é Gabriel, o qual veio a esta vida como Noé. Depois disso não sabemos a prioridade, só que certos homens foram escolhidos das hostes celestiais e pré-ordenados para serem o cabeça das dispensação.

As dispensação são as épocas em que o plano de salvação, sim, a palavra, a palavra eterna, se dispensa ou é concedida aos homens na Terra. Quantas dispensação já houve, nós não sabemos. Suponho que houve dez, talvez houvesse vinte. Pode ser que tenha havido mais. Não estou falando do que às vezes se chamam dispensação, ou sejam, as pregação e designação especiais de certos profetas como João Batista, Paulo e outros. Refiro-me àquelas grandes eras e épocas da história do mundo quando o Senhor, por intermédio de um homem, dá sua palavra ao mundo e torna todos os profetas, videntes, administradores, apóstolos e exponentes daquela época sujeitos às revelação que nos vieram por meio daquele indivíduo. O que significa isso é que o cabeça de uma dispensação do evangelho está entre as dez a vinte maiores espíritos que já nasceram neste planeta.

Pouco sabemos do gabarito dos homens que nascerão durante o Milênio. Muitos grandes espíritos virão, porém parece razoável supor que o Senhor separou certas pessoas com talentos e capacidade espirituais para virem à Terra em tempos de inquietação, iniqêidade, rebelião e maldade para serem luzes e guias para o mundo. Isto nos dá um pouco de perspectiva do que diz respeito a vida, estado e colocação de Joseph Smith.

Em primeiro lugar está o Senhor Jesus, depois Adão e Noé. Após eles seguem os cabeças das dispensação, depois os profetas, apóstolos, élderes de Israel e homens perspicazes, bons e sábios que têm o espírito de luz e entendimento. Todo cabeça de dispensação é o revelador de Cristo para os seus dias; todo profeta é uma testemunha de Cristo e todos os outros profetas e apóstolos que seguem são uma reflexção, eco e expoente do cabeça da dispensação. Todos eles vêm para ecoar, expor e desdobrar o que Deus revelou através do homem designado para dar sua palavra eterna ao mundo naquela época. Assim é o conceito de dispensação.

As Palavras Reveladas por Intermédio de Joseph Smith

Chegamos agora à nossa dispensação. Não vamos tratar de minúcia. As coisas pequenas e insignificantes não nos interessam no momento. Quanto a este assunto, precisamos entender o conceito global do que significa passar ao mundo a palavra por meio de um profeta específico.

Joseph Smith deu três grandes verdades ao mundo. Estas verdades predominam todas as outras; têm precedência sobre as outras coisas; afetam mais a salvação dos homens do que quaisquer outras e sem o conhecimento delas os homens não poderão salvar-se. A primeira grande verdade é que Deus, nosso Pai Celestial, é o Criador, Sustentador e Preservador de todas as coisas e foi quem ordenou e estabeleceu o plano de salvação. O evangelho é dele, "o evangelho de Deus, . . . concernente a seu Filho nosso Senhor Jesus Cristo que se fez semente de Davi segundo a carne," conforme explicou Paulo (Romanos 1:1, 3).

Ao buscarmos a palavra tanto em Doutrina e Convênios como em outras fontes, devemos procurar primeiro o conhecimento de Deus assim como foi revelado por intermédio de Joseph Smith. Conhecer Deus é a maior verdade de toda a eternidade. Mas deve haver oposição em todas as coisas e o contrário do conhecimento de Deus que nos veio através de Joseph Smith é a maior heresia das religição do mundo. Aquela heresia é que Deus é um espírito provindo do nada que enche a imensidão do espaço e que a criação se realizou por meio de um processo evolucionário. Na verdade, Joseph Smith revelou Deus numa época de escuridão espiritual total, uma época em que os seres humanos já não sabiam da natureza verdadeira nem da forma do Ser que deviam adorar.

A segunda grande verdade é que Jesus Cristo é o Salvador e Redentor do mundo, que a salvação se realiza através de seu sacrifício expiador e que a expiaçao é a base sobre o qual construímos para que pela obediência ás leis e ordenanças do evangelho sempiterno possamos salvar-nos. Esta é a segunda verdade eterna. Não há nada de mais importante para nós, tendo primeiro descoberto quem é Deus nosso Pai, do que conhecer Cristo e a salvação que nEle está. A heresia e perversão desta verdade é o conceito sectário comum de que as pessoas são salvas pela graça só, sem obras.

A terceira coisa mais importante em toda a eternidade é o conhecimento de Deus o Testificador, ou seja, o Espírito Santo. O Espírito Santo de Deus é o revelador que nos transmite a verdade; Ele é um santificador que purifica a alma humana e é por meio dele que os dons espirituais são dados aos fiéis para que estes tenham em sua vida aquilo que os apóstolos, profetas e outros grandes homens possuíam. A heresia que existe no mundo sectário no que diz respeito a isso é que os céus estão selados, que não há revelação, que não há milagres e que já não existem dons espirituais. As três grandes verdade são o resultado da palavra ter vindo por intermédio do Profeta Joseph Smith.

Agora vou lhes deixar umas palavras tiradas das revelações a respeito da posição profética de Joseph Smith: "Portanto eu, o Senhor, conhecendo as calamidades que adviriam aos habitantes da Terra, chamei meu servo Joseph Smith Júnior e falei-lhe do céu e dei-lhe mandamentos" (D&C 1:17). Tal é a declaração revelada do prefácio do Senhor de seu livro de mandamentos.

Na seção 21 lemos: "Eis que um registro será escrito entre vós; e nele serás chamado vidente, tradutor, profeta, apóstolo de Jesus Cristo, élder da igreja pela vontade de Deus, o Pai, e pela graça de vosso Senhor Jesus Cristo, sendo inspirado pelo Espírito Santo a lançar o alicerce dela e edificá-la para a santíssima fé. . . . Portanto vós, ou seja, a igreja, dareis ouvidos a todas as palavras e mandamentos que ele vos transmitir à medida que ele os receber, andando em toda santidade diante de mim" (D&C 21:1-2, 4).

Então vem esta declaração que no seu sentido mais completo se aplica mais ao cabeça de uma dispensação: "Pois suas palavras recebereis como de minha própria boca, com paciência e fé" (D&C 21:5). Quando Joseph Smith falava pelo poder do Espírito Santo, era como se o próprio Senhor Jesus dissesse as palavras. A voz do Profeta era a voz do Senhor; ele não era perfeito; somente Cristo era totalmente livre do pecado e da maldade. Mas o Profeta se aproximava da perfeição tanto quanto é possível sem ser transladado. Ele era um homem de tal estatura espiritual que refletia a imagem do Senhor Jesus Cristo ao povo. Sua voz era a do Senhor.

"Porque assim fazendo"-isto é, por dar ouvidos às palavras de Joseph Smith como se o próprio Jesus tivesse as falado-"as portas do inferno não prevalecerão contra vós; sim, e o Senhor Deus afastará de vós os poderes das trevas e fará tremerem os céus para o vosso bem e para a glória de seu nome" (D&C 21:6). Até certo ponto temos observado o cumprimento disso pelo crescimento progressivo, dinâmico e explosivo da Igreja em nossos dias. "Pois assim diz o Senhor Deus: Inspirei-o a promover a causa de Sião com grande poder voltado para o bem; e conheço sua diligência e ouvi suas oração. Sim, vi seu pranto por Sião e farei com que já não se lamente por ela; pois chegados são so dias de seu regozijo pela remissão de seus pecados e pelas manifestação de minhas bênçãos sobre suas obras" (D&C 21:7-8).

Há mais um versículo que devemos notar em particular; podemos tomá-lo como teste pessoal de nossa condição de discípulo: "Pois eis que abençoarei todos os que trabalharem em minha vinha com uma grandiosa bênção"-isso se aplica a todos nós-"e eles acreditarão nas palavras dele [Joseph Smith], que lhe são dadas por meu intermédio, pelo Consolador, o qual manifesta que Jesus foi crucificado por homens pecadores, pelos pecados do mundo, sim, para a remissão de pecados do coração contrito" (D&C 21:9). O teste de nossa qualidade de discípulo é medir quanto acreditamos nas palavras reveladas a Joseph Smith e com quanto efeito proclamamos estas palavras ao mundo.

Onde se Encontram as Palavras

Encontram-se as palavras nas visção, revelação e pronunciamentos inspirados de Joseph Smith. Muitos deles estão registrados no livro History of the Church [História da Igreja]. O relato da Primeira Visão também se encontra na Pérola de Grande Valor. A carta Wentworth é de importância igual ao que já está na Pérola de Grande Valor; trata-se de escritura, só que não foi apresentada à Igreja e não nos comprometemos a aceitá-la e proclamá-la ao mundo. Há muitas coisas de validade, verdade e excelência literária iguais às que estão nas obras padrão.

Esta é uma declaração do Profeta proferida quando ele e seus colegas aceitaram, de modo formal as revelação que agora constituem o livro de Doutrina e Convênios: "Depois de consideração deliberada referente ao livro de revelação que agora será impresso, sendo ele o fundamento da Igreja nestes últimos dias e de benefício ao mundo, revelando que as chaves dos mistérios do reino do Salvador foram entregues aos cuidados do homem e que as riquezas da eternidade estão ao alcance dos que estão dispostos a viver de acordo com toda palavra que sai da boca de Deus, a conferência, portanto, concordou que as revelação lhes valem mais que as riquezas temporais do mundo." [1] Assim é a nossa visão de Doutrina e Convênios.

As palavras reveladas através de Joseph Smith se encontram também nos registros que traduziu, sendo o principal o Livro de Mórmon. Este livro é uma nova testemunha de Jesus Cristo; é comparável à Bíblia, um registro da interação de Deus com o povo do Velho Mundo. Falando do Livro de Mórmon, Joseph Smith disse: "Eu disse aos irmãos," referindo-se à palestra com o Quórum dos Doze, "que o Livro de Mórmon era o mais correto dos livros na Terra e a chave de abóbada de nossa religião e que por meio de guardar seus preceitos, um homem poderia se aproximar mais de Deus do que por meio de qualquer outro livro" [2] O Livro de Mórmon contém a parte das palavras de Deus necessárias para provar a divindade de sua grande obra dos últimos dias e ensinar as doutrinas fundamentais de salvação para a humanidade em geral. é o livro padrão fundamental da obra dos últimos dias.

Encontram-se outras tradução feitas pelo Profeta na Pérola de Grande Valor. Ele traduziu o Livro de Abraão e a chamada tradução de Joseph Smith da Bíblia. Esta é uma obra maravilhosamente inspirada e é uma das grandes evidências da missão divina do Profeta. Por meio de revelação pura ele acrescentou muitos conceitos e vistas novos, tal qual o material sobre Melquizedeque do capítulo catorze de Gênesis. Ele reescreveu alguns capítulos e reorganizou algumas passagens de forma que dão uma nova perspectiva e significado como no capítulo vinte e quatro de Mateus e o primeiro capítulo do evangelho de São João.

Outra fonte dos escritos do Profeta são seus sermão e ensinamentos. Possuímos o que está nos livros padrão mas há algo mais, aquilo que ele falou e que foi registrado. Quando o Senhor revelou o que devíamos ensinar, disse naquela revelação conhecida como a lei da Igreja (D&C 42): "Os élderes, sacerdotes e mestres desta Igreja," bem como todos os oficiais, "ensinarão os princípios do meu evangelho que estão na Bíblia e o Livro de Mórmon nos quais está a plenitude do meu evangelho" (D&C 42:12). Quando esta revelação foi recebida ainda não havia os outros livros padrão. "E observarão os convênios e regras da igreja e cumpri-los-ão e estes serão seus ensinamentos, conforme forem dirigidos pelo Espírito" (D&C 42:13). Por isso é nossa obrigação ensinar pelo poder do Espírito Santo o que está nos livros padrão. "E o Espírito ser-vos-á dado pela oração da fé; e se não receberdes o Espírito, não ensinareis. E tudo isso fareis como vos ordenei com respeito ao vosso ensino, até que seja dada a plenitude de minhas escrituras" (D&C 42:14-15).

Hoje em dia temos mais mas ainda não chegamos à plenitude que um dia será nossa. "E ao elevardes vossa voz pelo Consolador, falareis e profetizareis como me parecer melhor; porque eis que o Consolador conhece todas as coisas e presta testemunho do Pai e do Filho" (D&C 42:16-17).

Agora, como eu disse, é para nós fazermos mais do que só ensinar o que está nos livros padrão. Os servos do Senhor saem para "pregar minhas palavras, . . . não dizendo nada mais do que os profetas e apóstolos tenham escrito, e aquilo que lhes for ensinado pelo Consolador, pela oração da fé" (D&C 52:9).

Joseph Smith tinha, como mais ninguém desta dispensação, a capacidade de sintonizar-se com o Consolador e falar as coisas que representavam a mente e voz do Senhor, inclusive coisas que não estão nos livros padrão. A este respeito, acho que o que ele falou de mais notável foi o sermão King Follett, que dizem que foi o maior sermão de todo o seu ministério. Não acredito que haja algo que ultrapasse este sermão acerca do Segundo Consolador. Foi como se Deus falasse quando o Profeta falou.

O que tem nos vindo através das revelaç sermção e serm sermção de outras autoridades que viveram depois de Joseph Smith, como por exemplo a visão da redenção dos mortos do Presidente Joseph F. Smith ou aquilo que qualquer pessoa inspirada na Igreja fale, são coisas que refletem, explicam e amplificam o que originou do Profeta Joseph Smith.

A Palavra e o Livro de Doutrina e Convênios

O livro de Doutrina e Convênios apresenta a palavra de várias formas. Há aparição de seres santos e do próprio Senhor que veio pessoalmente, como foi registrado na seção 110. A primeira parte da seção 27 foi citada por um anjo que visitou o Profeta e deu-lhe instruç sermção. A palavra veio pela voz de Deus, como na revelação da seção 137 de Doutrina e Convênios (a visão de Alvin no reino celeste). A palavra veio por meio de vis, como na seção 76. E a palavra veio principalmente pelo poder do Espírito Santo, sim, a maioria das revelação veio desta maneira.

Se o Espírito Santo desce sobre alguém, aquela pessoa fala o que o Senhor falaria e a voz daquela pessoa se torna a voz do Senhor. Notem este versículo das escrituras: "E naquele dia desceu sobre Adão o Espírito Santo, que presta testemunho do Pai e do Filho, dizendo:" (Notem quem está falando e notem a mensagem dada pelo Espírito Santo) "Eu sou o Unigênito do Pai desde o princípio, agora e para sempre, para que, assim como caíste, sejas redimido e toda a humanidade, sim, tantos quantos o desejarem" (Moisés 5:9). O Espírito Santo fala na primeira pessoa como se fosse o Filho de Deus, dramatizando o fato de que quando falamos pelo poder do Espírito Santo, as palavras proferidas são as de Cristo. Conhecemos o ensinamento de Néfi que os anjos falam pelo poder do Espírito Santo portanto falam as palavras de Cristo (vide 2 Néfi 32:3). Os profetas que falam pelo poder do Espírito Santo falam as palavras de Cristo. Todo élder da Igreja, quando movido pelo Espírito Santo, emite palavras que são escrituras tão verdadeiras e válidas na sua importância central como quaisquer das palavras pronunicadas por qualquer profeta. Pode ser que estas palavras não tenham sido separadas para um voto de apoio a fim de que resolvêssemos, de forma oficial, comprometer-nos a segui-las. Não obstante, são escrituras e são a voz e a palavra do Senhor, como também são os sermão do Profeta embora não sejam canonizados. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são um. Não importa qual deles fale, a palavra é a mesma. Se um homem diz o que eles teriam dito, é escritura.

Algumas das revelação de Doutrina e Convêncios vieram por confirmação espiritual, o que quer dizer que o Profeta resolvia o problema em sua mente, utilizando seu arbítrio, e levava o assunto ao Senhor para receber a confirmação espiritual de que suas conclusão estavam certas. Daí ele as escrevia em nome do Senhor para publicação como revelação.

No livro também há umas epístolas, tais como as seção 127 e 128, há alguns escritos inspirados, como nas seção 121, 122 e 123 e há alguns ítens de instrução, como na seção 131.

Como Saber que a Palavra é de Deus

Esta declaração foi tirada do testemunho dos Doze dado na ocasião da adoção oficial das revelações: "Nós, portanto, sentindo-nos dispostos a prestar testemunho ao mundo, a toda humanidade, a toda criatura sobre a face da Terra, que o Senhor testificou a nossa alma pelo Espírito Santo que se derramou sobre nós que estes mandamentos foram revelados pela inspiração de Deus e são úteis para todos os homens e realmente verdadeiros" (Introdução a Doutrina e Convênios).

Não há outra maneira no céu e na terra de saber a veracidade de uma revelação senão pelo mesmo Espírito pelo qual foi revelada. Estamos lidando com as coisas do Espírito, não podemos avaliá-las num laboratório a não ser que seja um laboratório espiritual. A escritura não se presta a interpretação particular porque "nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1:21). E assim, quando os Doze prestam testemunho, como citamos, que as revelações de Doutrina e Convênios são verdadeiras, significa que o Espírito Santo de Deus falou ao espírito deles individual e coletivamente e certificou que as revelações recebidas por Joseph Smith eram verdadeiras. Não há outra forma de saber da veracidade divina de uma coisa espiritual senão receber uma revelação espiritual.

As Palavras que Ainda Virão

Ainda não recebemos, de forma alguma, todas as palavras do Senhor. Penso que já recebemos a maioria das palavras do Senhor necessárias para levar-nos à Segunda Vinda. O Senhor concedeu tudo que as pessoas do mundo têm capacidade de receber neste momento. Haverá outra grande dispensação, isto é, um período de grande ilucidação, quando Ele vier. Naquele momento Ele revelará todas as coisas, como a parte selada do Livro de Mórmon, mas não revelará a parte selada do Livro de Mórmon agora nem nos deixará publicá-la ao mundo porque o conteúdo está tão longe da capacidade espiritual dos homens que os afastaria da verdade em vez de conduzi-los a ela. Na verdade, trata-se de um ato de misericórdia por parte do Senhor limitar para um determinado povo a quantidade de revelação que recebe.

Estamos agora numa dispensação gloriosa em que recebemos, em geral, todas as revelações que podemos suportar; é verdade, porém, que se pudéssemos nos unir em fé, receberíamos mais. Foi justamente o caso quando em 1978 o Presidente Kimball recebeu a revelação declarando que o evangelho e todas as suas bênçãos, inclusive as do sacerdócio e da Casa do Senhor, desde então estavam disponíveis para os membros de todas as raças, tribos e línguas sem limitação, a não ser a retidão e dignidade, em recebê-las. Aquela revelação nova veio em grande parte porque o profeta de Deus e seus associados uniram-se em fé, oração e desejo e buscaram uma resposta do Senhor. Há outras revelação que poderíamos receber e que espero que recebamos ao colocarmo-nos em sintonia com o Espírito. Mas o grande acervo de revelação para nossa dispensação, ou seja, o que é necessário para conduzir-nos à vida eterna, já foi nos dado e não haverá outros grandes acervos substanciais de revelação que possam vir antes do milênio devido à iniqêidade do mundo. Parte desta iniqêidade transborda e prevalece entre os Santos dos últimos Dias. Apesar disso, haverá um dia de grande acréscimo de revelação.

A Afirmação da Palavra em Nosso Coração

Esta afirmação é o que traz a palavra a cada um de nós, como indivíduos. Todo homem deve ser um profeta para si mesmo. Cada chefe de família deve ser revelador para sua família. Joseph Smith proferiu estas palavras gloriosas ao falar do Segundo Consolador: "Deus não revelou nada a Joseph que não vá revelar aos Doze e até aos que possuem cargos menos elevados tão logo puderem suportá-lo." [3] Os versículos iniciais da seção 76 anunciam este glorisoso conceito: "Pois assim diz o Senhor: Eu o Senhor, sou misericordioso e benigno para com aqueles que me temem e deleito-me em honrar aqueles que me servem em retidão e em verdade até o fim" (D&C 76:5).

Isto não se refere só aos apóstolos e profetas e sim toda a congregação de membros fiéis: "Grande será sua recompensa e eterna sua glória.

"E a eles revelarei todos os mistérios, sim, todos os mistérios ocultos de meu reino desde a antigêidade; e por eras futuras dar-lhes-ei a conhecer a boa disposição de minha vontade concernente a todas as coisas relativas a meu reino.

"Sim, até as maravilhas da eternidade conhecerão e coisas futuras mostrar-lhe-ei, sim, coisas de muitas geração.

"E sua sabedoria será grande e seu entendimento alcançará os céus; e diante deles a sabedoria dos sábios perecerá e o entendimento dos prudentes se desvanecerá .

"Porque pelo meu Espírito os iluminarei e pelo meu poder dar-lhes-ei a conhecer os segredos de minha vontade-sim, até as coisas que o olho não viu nem o ouvido ouviu e ainda não entraram no coração do homem" (D&C 76:6-10).

Estas palavras servem de introdução à visão que o Profeta e Sidney Rigdon receberam acerca dos três graus de glória. Depois que a visão foi devidamente registrada e enquanto o Espírito ainda pousava sobre ele, o Profeta escreveu o seguinte resumo e uma conclusão: "Mas grandes e maravilhosas são as obras do Senhor e os mistérios de seu reino que ele nos mostrou, que ultrapassaram todo o entendimento em glória e em força e em domínio" (D&C 76:114).

Tais coisas não se podem escrever. Não podem ser escritas porque só podem ser compreendidas e sentidas espiritualmente. Não vêm pela inteligência humana; vêm pelo poder do Espírito. São coisas "as quais ele nos mandou que não escrevêssemos enquanto ainda estávamos no Espírito; e não é lícito ao homem falar delas;

"Nem é o homem capaz de torná-las conhecidas, porque são apenas para serem vistas e compreendidas pelo poder do Santo Espírito, que Deus confere àqueles que o amam e purificam-se perante ele;

"A quem ele concede este privilégio de ver e saber por si mesmos;

"Para que, por meio do poder e da manifestação do Espírito, enquanto na carne, sejam capazes de suportar sua presença no mundo de glória.

"E a Deus e ao Cordeiro sejam glória e honra e domínio para todo o sempre" (D&C 76:115-119).

A afirmação da palavra através de nós é uma coisa tão gloriosa que não há palavras para exprimi-la. Não podemos explicar o assombro nem a maravilha de viver numa época em que Deus enviou seu revelador para transmitir sua palavra ao mundo e em que enviou ainda outros profetas para ecoar a mensagem, proclamar a verdade e proporcionar aos homens tanto conhecimento quanto puderem receber.

"Esta geração receberá minha palavra por teu intermédio" (D&C 5:10). Joseph Smith nos deu a palavra e ecoamos a mensagem e parte da mensagem é que cada um de nós tem o poder de sintonizar-se com o Espírito Santo e saber pessoalmente o que o profeta recebeu. Haverá dia (no milênio, como os antigos profetas, como Jeremias, predisseram) "quando ninguém precisa dizer a seu próximo, Conhece o Senhor, pois todos o conhecerão . . . do menor até o maior." [4] O Profeta Joseph Smith disse que esta promessa tem que ver com a revelação pessoal, com a vinda do Senhor aos indivíduos. [5] Está dentro de nossa capacidade, se aderirmos como devemos ao padrão de retidão que nos foi revelado, receber a reafirmação da palavra dentro de nós, a palavra que o Senhor sussurra, sim, a completa confirmação da palavra em nosso coração, a palavra que o Senhor deu primeiramente a Joseph Smith. Começamos a receber tal afirmação quando o espírito de testemunho entra no nosso coração e o Espírito Santo nos diz que esta obra é verdadeira.

O que estou querendo dizer é que o objetivo do progresso espiritual não é só saber que as revelações são verdadeiras como também ver as visão, sentir o Espírito e receber mais luz e conhecimento de que não é lícito falar e que não está escrito nos registros revelados. Que dispensação gloriosa em que vivemos! Vivemos numa época quando o Senhor deseja confirmar sua palavra no coração de todo aquele que escutar sua voz e é nosso privilégio obter tal confirmação.

O que é de mais glorioso do sistema de religião revelado que recebemos através do Profeta é que a palavra é verdadeira. Não se pode pensar em nada que faça parte de nosso sistema de religião revelada que seja tão importante como o simples fato dela ser verdadeira. E por ser verdadeira, funciona. Por ser verdadeira, triunfaremos. Por ser verdadeira, se fizermos aquilo que sabemos que devemos fazer, teremos paz, alegria e felicidade nesta vida e depois seremos herdeiros da vida eterna no reino do Pai. Que Deus conceda que assim seja para todos nós.

Notas

[1] Joseph Smith, History of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [A História da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias], redação de B. H. Roberts, 2a revisão. (Salt Lake City: Deseret Book, 1957), 1:235.

[2] Joseph Smith, Teachings of the Prophet Joseph Smith [Os ensinamentos do Profeta Joseph Smith], compilado por Joseph Fielding Smith (Salt Lake City: Deseret Book, 1976), 194).

[3] Smith, History of the Church, 3:380.

[4] Smith, History of the Church, 3:380.

[5] Vide Smith, History of the Church, 3:381.